A sociedade do mundo moderno é extremamente dependente dos combustíveis fósseis. De acordo com o Relatório de Energias Renováveis (REN 21, 2016), o consumo de energia elétrica gerada através do petróleo, gás natural, carvão mineral e seus derivados atingiu a uma expressiva marca de 78,3% do total de energia utilizada no mundo em 2015. Apesar de notadamente ser a principal fonte energética mundial, tais recursos geram gravíssimos impactos ambientais ao planeta Terra e impasses sócio-políticos à sociedade geral.

 Os padrões atuais de produção e consumo de energia são baseados fortemente na queima de combustíveis fósseis (GOLDEMBERG e LUCON, 2007). Todavia, as reservas existentes destes recursos são finitas, sendo previsível que elas se esgotem em uma expectativa de 41 anos para o petróleo, 63 anos para o gás natural e 147 anos para o carvão (GOLDEMBERG, 2015). Dessa forma, o mundo se vê em uma situação a qual o planejamento energético é de extrema importância, pois em uma ou duas gerações as principais fontes de energia mundial estarão escassas.

O consumo de combustíveis fósseis é regido a partir das reações de combustão. Ao somar o combustível juntamente a um comburente, ocorrerá a liberação de calor ou a produção de energia. Essas, são amplamente utilizadas nos mais variados processos do cotidiano, como, por exemplo, nos meios de transporte ou termoelétricas. Entre os produtos desta reação encontram-se alguns gases nocivos ao meio ambiente que são liberados à atmosfera. E cabe aqui, dar um estaque especial ao gás carbônico. Em 2015, o total de emissões antrópicas associadas à matriz energética brasileira atingiu 462,3 milhões de toneladas de dióxido de carbono equivalente (Mt CO2-eq), sendo a maior parte (194,0 Mt CO2-eq) gerada no setor de indústrias e transportes (EPE, 2016). Tal gás é um dos causadores da poluição atmosférica, da chuva ácida e do efeito estufa intensificado, o qual provoca o aquecimento global.

O setor elétrico brasileiro emitiu, em média, 139,6 kg CO2 para produzir 1 MWh de energia no ano de 2015 (EPE, 2016). O país tem se destacado por apresentar reduzidos índices de emissão comparativamente ao resto do mundo. Para produzir 1 MWh, o setor elétrico brasileiro emite 3 vezes menos que o europeu, 4 vezes menos do que o setor elétrico americano e 6 vezes menos do que o chinês (EPE, 2016). Tal fato decorre devido ao elevado percentual de participação de fontes renováveis de energia na matriz energética brasileira (EPE, 2007), com especial destaque a expressiva participação da energia hidráulica e o uso representativo da biomassa. Apesar dos níveis de emissões de gás carbônico reduzidos, diminuir tal taxa significará um desenvolvimento à nação brasileira e uma contribuição ambiental a nível mundial.

Ainda, quanto aos impactos, devem ser levados em conta, os riscos de acidentes com derramamentos de petróleo que prejudicam de forma intensa e duradoura a vida marinha. (EPE, 2007). As manchas de óleo impedem ou diminuem a entrada de luz no mar prejudicando a fotossíntese dos vegetais, sobretudo o fitoplâncton. Além disso, o óleo impregna as penas das aves, matando-as por hipotermia, entope as vias respiratórias dos mamíferos e interfere nos quimiorreceptores de animais migratórios, deixando-os desorientados; bem como afeta as atividades de quem vive da pesca e do turismo (UNIVERSO FÓSSIL, 2011). Já os vazamentos de petróleo em poços terrestres contaminam lençóis freáticos prejudicando o abastecimento de água em determinadas regiões.

Além dos impactos ambientais, as substanciais reservas de combustíveis estão distribuídas de forma desigual entre os países, gerando problemas geopolíticos no acesso a elas (GOLDEMBERG, 2015). Segundo a revista americana, The National Interest, a briga por tais recursos naturais, em especial ao petróleo, decorre desde a Segunda Guerra mundial. Hitler tinha obsessão em possuir petróleo, sendo essa uma das razões pela tentativa da Alemanha Nazista conquistar a União Soviética. Tomar Stalingrad ou o petróleo de Cáucaso era um de seus objetivos que nunca se realizaram (SPUTNIK, 2016). Também podemos destacar a Guerra do Irã e Iraque entre os anos de 1980 e 1988, a invasão do Iraque ao Kuwait (Primeira Guerra do Golfo) em 1991, bem como a agressão dos Estados Unidos da América ao Iraque em 2002, como conflitos armados que tiveram entre os fatores envolvidos a disputa pelo controle de combustíveis fósseis (SPUTNIK, 2016). Com a escassez de tais recursos naturais, conflitos como esses tendem a se intensificar.

O processo de extinção dos combustíveis, a segurança no acesso aos combustíveis fósseis e a degradação da saúde e das condições ambientais relatam uma tendência muito forte da diminuição cada vez mais da participação de combustíveis fósseis na matriz energética em função de uma maior conscientização e pressão da sociedade em busca de alternativas não poluentes através de fontes renováveis.

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Referências:

EPE. Empresa de Pesquisa Energética. Plano Nacional de Energia 2030. EPE, 2007.
 EPE. Empresa de Pesquisa Energética. Balanço Energético Nacional 2016: Ano base 2015. EPE, 2016.
GOLDEMBERG, José; LUCON, Oswaldo. Energia e meio ambiente no Brasil. Estudos Avançados 21. São Paulo, 2007
GOLDEMBERG, José. Energia e Sustentabilidade. Revista Cultura e extensão USP. Universidade de São Paulo, São Paulo, 2015.
REN21 – Renewables 2016 Global Status Report. Paris, 2016.
SPUTNIK. Cinco Guerras pelo petróleo que acabaram em desastre. 2016.
UNIVERSO FÓSSIL. Impactos Ambientais Dos combustíveis Fósseis. 2011.